A espera por um filho costuma ser um período especial, aguardado com muita expectativa por toda a família. Sem dúvidas, gerar uma vida é uma experiência única para qualquer pessoa, capaz de transformar nossa relação com o mundo.

Agora, como será quando algo não ocorre exatamente como o esperado? Como reagir diante da constatação de que aquela sonhada criança é portadora de algum tipo de deficiência? Em muitos casos, esse que deveria ser um momento de alegria surge como um acontecimento repleto de sofrimento e incerteza.

O papel dos profissionais de saúde

O primeiro impacto recebido pelos pais de uma criança especial vem diretamente dos médicos e está relacionado à forma como se comunica o diagnóstico. Esse instante tem uma influência muito grande para os pais e é importante na construção dos vínculos afetivos iniciais.

Infelizmente, o histórico mostra que há uma lacuna considerável nessa questão, apontando a necessidade de um melhor preparo dos profissionais de saúde. Há casos de omissão de informações, transmissão da notícia com tom catastrófico, distante e impessoal. Como consequência, os pais encaram essa nova situação com um mix de sentimentos que envolvem negação, revolta, tristeza, confusão e culpa.

O ideal é que os médicos encarregados de noticiar aos pais ofereçam o suporte necessário, esclareçam as muitas dúvidas e tenham uma postura de acolhimento, apontando alternativas que ajudem no desenvolvimento da criança. Um outro ponto interessante é a participação mais efetiva dos psicólogos junto à equipe médica para auxiliar no processo de comunicação e dar suporte depois dos momentos iniciais.

O processo de aceitação

Muitas vezes, o estado psíquico vivenciado pelos parentes que recebem a notícia do nascimento de uma criança especial é como o sentimento de morte. É a perda do filho esperado e idealizado que não atingiu as expectativas. O período de luto dos pais e familiares pode envolver algumas fases, vivenciadas de forma subjetiva e em diferentes intensidades. São elas:

  • Fase de choque: com característica traumática, inicia-se no momento em que é transmitido o diagnóstico. Provoca confusão mental e dificulta o entendimento das orientações recebidas.
  • Fase de negação: esse é o momento em que os pais costumam ignorar o problema e até questionar a competência do médico e a veracidade do diagnóstico.
  • Fase de reação: é o período que traz um turbilhão de sentimentos. Os pais costumam sentir culpa, irritação, depressão e sensação de fracasso. É um caminho natural para expressão dos sentimentos, necessário para a construção da fase de adaptação.
  • Fase de adaptação: nesta etapa, a maioria dos pais já consegue aceitar a condição de seu filho e obtém uma visão mais realista e prática, focada em como ajudar a criança a superar os obstáculos.

Enxergando as possibilidades

O apoio familiar é essencial desde o início da vida de uma criança portadora de deficiência. Somente com a dedicação e o cuidado de seus parentes próximos é que será possível um desenvolvimento mais rápido e satisfatório.

É preciso entender também que ninguém aprende a amar e a respeitar as diferenças se não conviver com elas, afinal o que define uma pessoa como ser humano não é sua deficiência, mas sua história de vida e participação no mundo.

Mais do que tudo, lidar com uma criança especial requer acreditar na existência de um futuro possível, onde somente o amor pode contrariar previsões e diagnósticos.

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